Artigo: Narrativa (mentira) e Realidade - Um panorama da situação brasileira
Por Márcio Amaro.
A ideia de que vivemos em um mundo fluído, em que até mesmo a realidade aparente pode ser manipulada por intermédio de narrativas, parece recente, mas é tão antiga quanto o pensamento humano.
Não foi Bauman, o filósofo da pós-verdade do século XX, o primeiro pensador a descrever a instabilidade das coisas, tangíveis ou intangíveis. A originalidade dessa ideia coube a Heráclito, que quinhentos anos antes de Cristo já a definia em seu célebre aforismo Panta rei os potamós – tudo flui, como um rio.
Diante dessa realidade, percebemos que a História serve, desde sempre, aos seus senhores. Não foram as redes sociais, nem tampouco os jornalistas perseguidos, presos ou banidos que inauguraram a prática de difundir versões destoantes da verdade oficial. Aliás, por regra, a absoluta verdade geralmente não encontra amparo naquilo que é informado por agências subordinadas ao poder, quer sejam oficiais ou submetidas a um aluguel de ocasião.
Quanto mais concentrado o poder, quanto mais evidente a opressão, quanto maior o arbítrio de autoridades, tanto maior será a possibilidade daqueles que transmitem com fidelidade os fatos serem calados, terem o exercício de seu ofício proibido e suas liberdades e direitos suprimidos.
Hoje, no Brasil, vivemos um momento muito triste de nossa História. Um momento inédito, em que um dos poderes constituintes do Estado vive um declarado processo de ascensão, sobrepujando os demais poderes e se opondo não apenas à Constituição Federal quanto à própria concepção de Estado Moderno, como definido por Charles-Louis de Secondát, Senhor de La Bréde e Barão de Montesquieu, segundo o qual a tripartição dos poderes impunha a existência de entes independentes e harmônicos, desempenhando com o mesmo nível de autoridade cada uma das três funções exigidas do Estado Moderno: legislar, gerenciar e prover tutela jurisdicional.
Diante de evidentes abusos, alguns representantes do poder legislativo tentam se opor aos desmandos em curso e, como minoria, se utilizam de um dos mais importantes instrumentos disponíveis: as Comissões Parlamentares de Inquérito.
Atualmente temos três CPIs de absoluta importância em curso no Congresso Nacional e que podem trazer luz a diversos aspectos que têm sido mantidos na obscuridade obsequiosa a um governo acreditado ilegítimo por boa parte da população, senão pela maioria:
- A CPI das ONGs da Amazônia, sob a presidência do Senador Plínio Valério;
- A CPI do MST, sob a presidência do Deputado Ten Cel Zucco; e
- A CPMI dos Atos de 8 Jan, sob a presidência do Deputado Arthur Maia.
Ainda que todas essas Comissões sejam extremamente relevantes para impor freios e contrapesos a ações deletérias contra nossa Democracia, até mesmo em virtude de narrativas impostas pelo governo e pela mídia aliada, a Comissão Mista, incluindo membros da Câmara e do Senado, merece uma atenção redobrada de nossa sociedade, a fim de que não nos deixemos enganar mais uma vez.
Algumas versões que o consórcio PT-STF-Mídia tenta nos impor já foram desconstruídas pelo trabalho de dedicados Deputados e Senadores. Outras informações ainda devem ser buscadas para que seja restabelecida a justiça no Brasil.
O que já sabemos:
- o Sistema Brasileiro de Inteligência (SISBIN) é formado por diversas agências, incluindo FFAA, PF, PRF, ABIN...
- O órgão centralizador do SISBIN é o GSI;
- A atividade de inteligência se destina a embasar a tomada de decisão do cliente;
- No caso do SISBIN o cliente é o presidente da república, atualmente o ex-presidiário;
- O GSI consolida todas as informações geradas pelo SISBIN e apresenta ao cliente de acordo com o princípio da Oportunidade;
- Para tanto é estabelecido um canal oficial e um técnico, mais ágil;
- O GSI recebeu 33 alertas das agências do SISBIN sobre o que iria acontecer em Brasília;
- O ex-ministro do GSI alega que ignorou esses alertas porque foram enviados pelo canal técnico;
- Ainda assim o cliente decidiu se evadir do Teatro de Operações;
- O ex-ministro do GSI estava presente no momento dos atos típicos e antijurídicos, sem demonstrar surpresa ou reação;
- ex-ministro do GSI mentiu sobre a existência de imagens;
- ex-ministro do GSI tentou esconder as imagens, mantendo-as sob sigilo ilegal;
- ex-ministro do GSI fraudou documento para o Congresso, em franco desrespeito ao poder Legislativo e à Democracia;
- ex-ministro do GSI serve ao ex-presidiário há mais de 20 anos;
- O ministro da justiça ora diz que estava, ora diz que não estava no ambiente operacional. Em algum momento está mentindo;
- As imagens do MJ definirão sua presença, se não manipuladas (não duvido de mais nada);
- O Min Jus tentou esconder as imagens;
- Tentaram evitar que fosse acessada a lista de hóspede dos hotéis;
- O secretário da segurança que estava viajando foi preso;
- O Cel Naime, que estava de férias e tentou evitar as depredações está preso;
- A narrativa de golpe de estado que a Rede Globo tenta desesperadamente emplacar é absurda;
- O Exército declarou em Inquérito que a culpa da invasão é do governo;
- Como estão fazendo com o presidente Trump nos EUA, querem jogar essa bomba no colo do Presidente Jair Bolsonaro.
O que falta descobrir:
- houve deslocamento de ônibus das escolas de formação doutrinária do MST?
- quem estava hospedado nos hotéis?
- as prisões determinadas pelo STF, sem individualização de culpa, são ilegais?
- por que o ministro dos Direitos Humanos não está lutando pelos direitos desrespeitados dos presos?
- quem determinou a redução do efetivo de guarda?
- por que Lula fugiu?
- quem deixou a invasão ocorrer?
- quem eram os infiltrados?
- quando G. Dias será preso?
- quando que o Dino cai?
- quando começa o processo de impeachment?
Essas questões são fundamentais para que comecemos a reconstruir o nosso Estado Democrático de Direito, a fim de que essa expressão não seja apenas mais uma narrativa, que se confunde às mentiras criadas para falsear a realidade e enganar nosso povo.
Ainda que Napoleão Bonaparte tenha definido que a História é formada por um conjunto de mentiras sobre as quais houve um consenso, não podemos admitir que brasileiros sejam jogados na prisão, tenham seus direitos desrespeitados e suas vidas arrasadas pela vaidade de homens públicos que insistem em se apropriar de um poder que não lhes pertence pois emana do próprio povo. Pelo menos é isso que diz nossa Constituição. Tomara que ela volte a ser respeitada.
Márcio Amaro é Presidente do Instituto Brasil Soberano. Sigam-no Twitter/X: @Amaro_Coronel