Paulo Figueiredo Filho
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Comunidade de apoio ao jornalista Paulo Figueiredo. Empresário/Economista/Jornalista. Relações Internacionais na London School of Economics, US Government e Negociação em Harvard, Economia no MIT.
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Artigo: Após "fishing expedition" vazamentos e tortura, Moraes manda soltar presos no caso do cartão de vacina

Por Paulo Figueiredo Filho

O ministro Alexandre de Moraes recentemente concedeu liberdade (parcial) a quatro presos da operação Venire, um caso que investiga a falsificação de cartões de vacinação contra a Covid-19. Antes, o ministro já havia liberado Max Guilherme, ex-segurança do presidente Jair Bolsonaro, e Mauro Cid. Com essa última decisão, nenhum dos indivíduos envolvidos na operação realizada em maio deste ano permanece atrás das grades.

Vamos pousar os pés firmemente no solo da realidade para entender o contexto dessa situação. As pessoas presas, incluindo vários militares e cidadãos respeitáveis, foram acusadas de uma suposta fraude em um sistema de vacinação.

Permitam-me afastar o óbvio, mas acessório: a esta altura, é do conhecimento público que a obrigatoriedade dessa vacina foi precipitada e suas garantias de segurança exageradas, enquanto seus riscos foram convenientemente minimizados. A decisão de contornar uma lei nociva, imoral e inconstitucional, portanto, seria perfeitamente justificável.

No entanto, mesmo afastado esse aparte, estamos falando de infrações que, em circunstâncias normais, mal seriam processadas e que, caso fossem, certamente, não resultariam em detenção após condenação. E ainda assim, esses indivíduos foram submetidos a meses de prisão após operações de busca e apreensão agressivas e espetacularizadas.

Isso nos leva ao verdadeiro âmago da questão: a operação Venire nada mais foi do que um pretexto para práticas insidiosas como "fishing expedition" e tortura psicológica. Para os não familiarizados, o termo "fishing expedition" refere-se à tática usada por autoridades para criar uma "desculpa" que lhes permita violar os direitos de uma pessoa com o objetivo de descobrir informações adicionais. Nesse caso específico, as buscas possibilitaram a apreensão de celulares de pessoas próximas a Bolsonaro, incluindo conversas e documentos relacionados ao presidente. E isso incluiu Mauro Cid, Tenente Coronel do Exército e ex-ajudante de ordens do presidente.

O fishing expedition se conecta à segunda artimanha sinistra: a prisão preventiva e a tortura psicológica. Uma vez que as autoridades estão de posse das conversas e documentos obtidos, os investigados são então colocados sob uma "prisão preventiva" completamente injustificável. Como disse, tais crimes sequer levariam à prisão. Além disso, todas as diligências já haviam sido completadas e os requisitos legais de uma prisão preventiva eram tão ausentes que o próprio ministro Alexandre de Moraes sequer se dá o trabalho de listá-los de forma precisa nas suas decisões.

Então, por que os investigados foram presos? Bom, após sua prisão começa a fase de terror, onde a Polícia Federal e Ministério Público começam a devassar a vida do sujeito e procurar até as multas de trânsito. Isso ocorre em conjunto com uma série de depoimentos forçados (uma vez que o investigado está sob custódia) na Polícia Federal. A ideia é deixar claro que ele será implicado em muitos outros crimes (jóias, "golpe", etc) e a única forma dele sair dali é através de uma colaboração.

Mas o método de pressão não para por aí. Geralmente, há uma asfixia financeira através do bloqueio de bens e suspensão de salários. E para colocar a cereja no bolo, até mesmo membros da família podem ser envolvidos e penalizados. No caso de Mauro Cid, por exemplo, sua esposa Gabriela foi implicada por utilizar o cartão de vacinação adulterado.

Tudo isso é, claro, é acompanhado por um assassinato de reputação, uma espetacularização e uma tentativa de manipulação da opinião pública cuidadosamente conduzidos através de vazamentos seletivos de partes sigilosas do processo, abraçados e divulgados com entusiasmo pela mídia mainstream.

O caso de Mauro Cid não é um episódio isolado de "fishing expedition", de vazamentos de processos sigilosos ou de prisão com o intuito de forçar colaboração e tortura psicológica. Outros exemplos de tais práticas também surgem nas esferas mais altas do governo. Apenas em um exemplo recente, a Polícia Federal confessou o fishing expedition ao manifestar interesse em acessar o conteúdo do celular de Renan Bolsonaro. O aparelho havia sido originalmente apreendido pela Polícia Civil em um caso não relacionado, mas a nossa Gestapo queria investigar as conversas entre Renan e seu pai, o presidente Jair Bolsonaro.

Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, enfrentou a mesma tática questionável. Ele foi preso "preventivamente" por uma alegada "omissão" ocorrida no dia 8 de janeiro. Não apenas teve seus bens bloqueados, foi afastado da PF e teve o seu salário suspenso, como também permaneceu detido por cinco meses. No meio da detenção, uma suposta "minuta do golpe" - encontrada em sua casa, mas que também estava disponível a todos em uma busca do Google - passou a ser a justificativa esdrúxula para a manutenção do encarceiramento.

É inconveniente, mas necessário, ressaltar que essas táticas não são novas no cenário brasileiro. Elas foram extensivamente empregadas sem escrúpulos durante a Operação Lava-Jato . Naquele momento, a "direita" aplaudiu as ações e elevou os carrascos ao estatus de heróis, enquanto advogados "garantistas" da esquerda levantavam críticas legítimas ao processo legal. Agora, observamos uma reviravolta irônica: esses mesmos garantistas parecem aplaudir métodos que outrora consideravam ilegais e imorais fechando os olhos para as preocupações legitimamente levantadas pela direita, enquanto seguem premiando - literalmente, no caso - os carrascos com títulos e honrarias.

E isso nos leva a uma triste constatação: a média dos brasileiros, seja de direita ou de esquerda, não está interessada em democracia, isonomia, legalismo ou estado de direito. Esses são valores que chegaram ao Brasil em uma versão mal traduzida e são invocados de maneira oportuna, dependendo de quem está no poder. O que o brasileiro médio realmente deseja é um ditador que compartilhe de suas opiniões e persiga aqueles que ele considera adversários. Esta é a triste realidade da política brasileira atual.

Paulo Figueiredo Filho é jornalista em exílio perseguido pelo Supremo Tribunal Federal.


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Em áudio, advogado de Mauro Cid desmente Rede Globo! Ouça!

O advogado de Mauro Cid, ex-ajudante de ordem, divulgou agora a pouco um audio em grupos da internet onde contraria as notícias dos jornais - especialmente da Globo - que dariam conta de uma delação de Cid contra o ex-presidente.

"A defesa não está jogando Cid contra Bolsonaro. Isso não é justo com o Cid ou com o Bolsonaro. Não conhecemos nada disso. Não tem nenhuma suspeita. Não há nada de corrupção do Bolsonaro. Muito menos de militares e generais. Estão criando uma fantasia". Disse o Dr. Cezar Bitencourt, responsável pela defesa técnica do tenente coronel.

Confira a íntegra do áudio!

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PF Bullet-In 23/05/2025 - Principais notícias e vídeos do dia

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Diante da escalada de tensões, o governo Lula enviou recado aos ministros do STF após as ameaças americanas, tentando coordenar resposta oficial à crise diplomática. A movimentação do Palácio do Planalto evidencia preocupação com os desdobramentos internacionais e possível isolamento do Brasil no cenário global.

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PF Bullet-In 23/04/2025 - Principais notícias e vídeos do dia

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O ministro Luiz Fux voltou a divergir da maioria do Supremo Tribunal Federal durante julgamento da suposta trama golpista, evidenciando crescentes fissuras internas na Corte. Paralelamente, o STF aceitou denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Filipe Martins, Silvinei Vasques e outros quatro acusados, apesar da defesa argumentar que não há "justa causa" para denunciar o ex-assessor de Bolsonaro.

Em declaração contundente sobre o projeto de anistia, o ministro Alexandre de Moraes questionou: "Se invadissem a sua casa, você pediria anistia?", intensificando o embate retórico sobre o tema. Enquanto isso, informações sobre o que Bolsonaro aceitaria flexibilizar no projeto indicam busca por alternativas viáveis para aprovação da proposta, face às resistências institucionais.

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Democratas Sinalizam Que Podem Não Aceitar Uma Vitória de Trump em 2024
Vários Democratas da Câmara sinalizaram que não certificariam uma vitória presidencial de 2024 de Donald Trump, baseando-se na 14ª Emenda para reivindicar que Trump é um golpista e, portanto, inelegível para ocupar o cargo.

Democratas incluindo os Representantes James Clyburn (SC), Jamie Raskin (MD), Adam Schiff (CA), Eric Swalwell (CA) e até o Líder da Minoria da Câmara, Hakeem Jefferies, recusaram-se a dizer que certificariam Trump no cargo se ele vencesse a eleição de 2024.

Como Dan McLaughlin explicou no National Review, os Democratas poderiam ter os votos para sustentar uma objeção a uma vitória de Trump se assumirem o controle da Câmara.

“Apenas uma maioria simples é necessária, e ao contrário de quando a Câmara escolhe um presidente sob a Décima Segunda Emenda, eles não votam por estados,” ele escreveu. “Diferente de 2016 ou 2004, quando estavam na minoria, os Democratas da Câmara poderiam estar brincando com munição de verdade.”

Ainda assim, a maioria dos senadores também teria que objetar a uma vitória de Trump. Isso provavelmente exigiria 51 senadores, e como McLaughlin apontou, isso seria uma tarefa difícil para os Democratas:

“Eles têm que manter cada assento que atualmente ocupam (boa sorte em West Virginia), ou tomar um assento mantido por um Republicano (o mais azul dos quais é ou de Ted Cruz no Texas ou de Rick Scott na Flórida),” ele disse.

Uma maneira potencial de contornar parte desse caos repousa na Suprema Corte, que ouviu argumentos orais mais cedo este mês em Trump v. Anderson, um caso sobre se um estado, neste caso Colorado, pode manter Trump fora da cédula com base na 14ª Emenda. Se a alta corte der clareza sobre a questão da elegibilidade de Trump, especificamente que ele é elegível, então os Democratas não teriam espaço para objetar com base nisso.

Os argumentos, até agora, têm sido favoráveis a Trump. Quase todos os juízes, incluindo os liberais, pareciam extremamente desconfortáveis em se aliar ao Colorado com base na Seção 3 da 14ª Emenda. Notavelmente, essa provisão foi promulgada imediatamente após a Guerra Civil em um esforço para impedir qualquer pessoa que se envolveu em uma “insurreição” de ocupar um cargo.

O advogado Jonathan Mitchell, que argumentou em nome de Trump, argumentou que a Seção 3 não menciona “presidente”, mas sim um “oficial dos Estados Unidos”, o que ele diz incluir funcionários nomeados, não eleitos. Outro argumento centrava-se em torno do Colorado adicionando uma qualificação a Trump ao considerá-lo um insurrecional e então desqualificá-lo antes da eleição.

Algumas das maiores resistências às reivindicações do Colorado vieram da Juíza Elena Kagan.

“Por que um único estado deveria ter a capacidade de fazer essa determinação não apenas para seus próprios cidadãos, mas também para a nação?” ela pressionou a equipe legal do Colorado.

 

“Isso soa terrivelmente nacional para mim... se você não fosse do Colorado, e você fosse de Wisconsin, ou você fosse de Michigan, e o que o secretário de estado de Michigan fez vai fazer a diferença entre se o candidato A é eleito sobre o Candidato B? Isso parece bastante extraordinário.”

 

 

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Urgente! Jornalista português é detido pela Polícia Federal brasileira em Guarulhos
Sérgio Tavares é conhecido como o "Allan dos Santos" de Portugal está no Brasil para cobrir as manifestações da Av. Paulista

Sérgio Tavares, um reconhecido jornalista português, foi detido pela Polícia Federal do Brasil na manhã de hoje, ao desembarcar no aeroporto de Guarulhos. Tavares viajou ao Brasil com o propósito de cobrir as manifestações previstas para ocorrer na Avenida Paulista nesta tarde.

O passaporte português do jornalista está retido pelas autoridades brasileiras. Até o momento, não foi apresentada nenhuma justificativa oficial para a detenção do cidadão português, um fato que já ganhou repercussão na internet, mas parece ser negligenciado pela mídia tradicional, tanto brasileira quanto portuguesa.

Um advogado já se encontra no aeroporto em defesa de Tavares, e a embaixada de Portugal no Brasil foi acionada para acompanhar o caso.

Recentemente, Tavares fez uma declaração pública através das redes sociais: "Estou sendo interrogado pela Polícia Federal sobre declarações minhas sobre urnas, fraude eleitoral, ditadura do judiciário e vacinas. Por orientação do advogado de defesa, mantenho-me em silêncio. São Paulo, 10:14".

O caso segue em desenvolvimento, enquanto a comunidade internacional aguarda mais informações e possíveis desdobramentos sobre a situação do jornalista português em território brasileiro.

Atualização 11:00: o jornalista foi liberado, mas o abuso de autoridade permanece. Ele foi convidado a participar do Paulo Figueiredo Show da próxima terça-feira. 

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Tensão: Exército prepara celas para eventual prisão de Bolsonaro e militares, diz site
Preparativos no Quartel: Alojamento Militar Pronto para Eventuais Detenções de Alto Escalão

Em um contexto de investigações intensificadas e depoimentos programados para a próxima quinta-feira, o Exército Brasileiro organizou uma nova área de detenção para abrigar indivíduos detidos por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). Esta medida ocorre em uma semana de atividades aceleradas no Quartel General em Brasília, onde está prevista a tomada de depoimentos de oficiais de alta patente sob suspeita de envolvimento em atividades consideradas conspiratórias.

O líder militar Tomás Paiva supervisionou a preparação para acomodar possíveis detidos.

Conforme revelado por uma fonte de alto escalão do Exército ao veículo Radar, um espaço específico no Comando Militar do Planalto, situado dentro do Quartel General, foi adaptado para servir como local de detenção.

"É crucial estarmos preparados. Considerando o status dos possíveis detidos, precisamos oferecer uma infraestrutura adequada, especialmente porque estamos sujeitos à inspeção do STF logo após as detenções", explicou o oficial ao Radar.

A expressão "antiguidade" no contexto militar refere-se aos generais e outros oficiais de alta patente, destacando que até o ex-presidente Jair Bolsonaro, que detém a patente de capitão, teria direito a ser detido em uma instalação militar.

Inclusive aliados de Bolsonaro, antecipando uma possível ordem de detenção por parte de Moraes — "com ou sem embasamento legal", conforme eles apontam —, veem o Quartel General do Exército como o local adequado para a custódia do ex-presidente em caso de prisão.

Dentre os investigados pelo STF, estão figuras como os generais Augusto Heleno, Walter Braga Netto e outros oficiais que foram implicados em comunicações suspeitas ou mencionados por Mauro Cid, ex-assessor de Bolsonaro que colaborou com a Polícia Federal por meio de um acordo de delação.

 

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