Por Paulo Figueiredo
Em meio a um cenário de crescente crise internacional, o foco nos Estados Unidos se volta para o Congresso, onde a liderança da Casa dos Representantes está em disputa. O partido Republicano, atualmente com a maioria, enfrenta divisões internas profundas, exacerbadas pela disputa pelo cargo de Speaker da Casa dos Representantes - um papel análogo ao Presidente da Câmara dos Deputados no Brasil e o terceiro na linha de sucessão presidencial.
Steve Scalise, um veterano da política com 58 anos e Representante da Louisiana, foi nomeado pelos Republicanos para ser o próximo Speaker. Scalise é conhecido por suas posições conservadoras e tem uma longa história de serviço em cargos de liderança, incluindo o de Líder da Maioria. Ele se descreve como alguém com "um longo histórico de unir republicanos e focar nos problemas que precisamos resolver para colocar nosso país de volta nos trilhos".
No entanto, sua trajetória política não tem sido sem desafios. Ele foi baleado em um tiroteio durante um treino de beisebol do Congresso em 2017, um evento que exigiu uma longa recuperação e cuidados médicos intensivos. Este ano, ele foi diagnosticado com mieloma múltiplo, uma forma de câncer no sangue.
A disputa para a nomeação cargo de Speaker foi acirrada. Scalise venceu Jim Jordan (R-Ohio), Presidente do Comitê Judiciário da Câmara e que tinha o apoio de Donald Trump, por uma margem estreita de 113 a 99 votos em uma reunião a portas fechadas do partido. Jordan, por sua vez, tinha a lealdade de um bloco considerável do partido e não descarta uma nova candidatura caso Scalise não consiga os 217 votos necessários para confirmar sua nomeação no plenário da Câmara.
O desafio não termina com a nomeação. Sete congressistas já anunciaram que não apoiarão Scalise, tornando quase certa outra votação prolongada e conturbada para o cargo de Speaker. Kevin Hern (R-Okla.) e Tom Emmer (R-Minn.) também estão considerando lançar suas candidaturas, aumentando ainda mais a incerteza em torno da liderança da Câmara.
Scalise, que se apresentou como um candidato de unidade, enfrentará não apenas a divisão de seu próprio partido, mas também questões urgentes como o financiamento do governo. Os legisladores têm até 17 de novembro para evitar outro fechamento do governo, um cenário que já foi enfrentado sob a curta liderança de Kevin McCarthy e que colocaria ainda mais pressão sobre o novo Speaker.
Além disso, há a questão do financiamento para questões externas, como a Ucrânia e Israel, que podem dividir ainda mais um Congresso já fragmentado.
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