Um painel bipartidário nomeado pelo Congresso dos Estados Unidos alertou na quinta-feira que o país precisa se preparar para a possibilidade de entrar em guerras simultâneas com a Rússia e a China. Este aviso foi dado em um contexto de crescentes tensões com a China, principalmente sobre Taiwan, e com a Rússia em relação à sua invasão da Ucrânia.
O relatório da Comissão de Postura Estratégica não abordou se as informações de inteligência indicavam alguma cooperação entre os arsenais nucleares da Rússia e da China. No entanto, um alto funcionário envolvido no relatório expressou preocupações sobre uma possível "coordenação final" entre os dois países, mas optou por permanecer anônimo.
Os resultados do relatório desafiam a estratégia de segurança nacional atual dos EUA, que visa vencer um conflito enquanto dissuade outro. A implementação das novas recomendações exigiria um aumento significativo nos gastos com defesa, uma medida que poderia enfrentar resistência no Congresso. Madelyn Creedon, a presidente democrata da comissão e ex-vice-chefe da agência responsável pelas armas nucleares dos EUA, e Jon Kyl, vice-presidente republicano aposentado, enfatizaram que "o país deve fazer esses investimentos", apesar das restrições orçamentárias.
Kyl, ao apresentar o relatório, argumentou que o presidente e o Congresso devem convencer o público americano de que um aumento nos gastos com defesa é um "pequeno preço a pagar" para prevenir uma possível guerra nuclear envolvendo os Estados Unidos, a China e a Rússia.
Essa posição contrasta com a do Presidente Joe Biden, que acredita que o atual arsenal nuclear dos EUA é suficiente para dissuadir ambas as potências. Em resposta ao relatório, o grupo de advocacia Arms Control Association observou que o atual arsenal dos EUA já é mais do que suficiente para dissuadir um ataque nuclear de um inimigo.
O relatório da comissão enfatiza que "os Estados Unidos e seus aliados devem estar prontos para dissuadir e derrotar ambos os adversários simultaneamente", já que a ordem internacional liderada pelos EUA está em risco devido aos regimes autoritários da Rússia e da China.
Criada pelo Congresso em 2022, a comissão foi composta por seis democratas e seis republicanos com a missão de avaliar as ameaças de longo prazo aos Estados Unidos. O painel prevê que a China terá cerca de 1.500 ogivas nucleares até 2035, o que representará um segundo grande rival armado com armas nucleares para os EUA pela primeira vez.
O relatório, com 145 páginas, assinala que as ameaças da China e da Rússia se tornarão críticas entre 2027 e 2035. Portanto, decisões devem ser tomadas agora para preparar a nação. As recomendações incluem a total financiamento do programa de modernização de armas nucleares dos EUA, estimado em 2017 para custar cerca de $400 bilhões até 2046, a implantação de mais armas nucleares táticas na Ásia e na Europa, e o desenvolvimento de planos para implantar algumas ou todas as ogivas nucleares em reserva dos EUA. Também foram sugeridas a produção de mais bombardeiros B-21 furtivos e novos submarinos nucleares da classe Columbia além do que já estava planejado.
O relatório conclui que, se tais medidas não forem tomadas, os Estados Unidos "provavelmente" terão que aumentar sua dependência de armas nucleares.
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