O Exército Brasileiro divulga anualmente um relatório que traz um diagnóstico sobre seus índices estratégicos, abrangendo desde questões de operacionalidade e atuação internacional até áreas como desenvolvimento sustentável e credibilidade social. Este relatório serve como uma espécie de "boletim de notas" para a instituição, indicando onde estão seus pontos fortes e onde há necessidade de melhorias.
No relatório de 2022, um dado em particular chama a atenção: o índice de Credibilidade do Exército junto à sociedade atingiu 82,08%, superando a meta de 70%. Isso sugere que, de acordo com os próprios parâmetros do Exército, a instituição goza de um alto nível de confiança junto à população brasileira.
Essa autopercepção do Exército Brasileiro contrasta com dados da pesquisa recente da Quaest, que apontam uma queda vertiginosa na confiança nas Forças Armadas. Segundo a pesquisa, apenas 33% dos entrevistados em agosto deste ano afirmaram "confiar muito" na instituição, uma queda de 10 pontos percentuais em relação ao final do ano anterior.
Já os entrevistados que diziam “confiar pouco” nas instituições eram 36% em dezembro, antes da posse de Lula. O percentual subiu para 23% em agosto. Por outro lado, os participantes que responderam que não confiam nas Forças Armadas passaram de 18% para 23%.
A perda de apoio na sociedade também é visível pelas manifestações e comentários nas redes sociais com duras críticas à incapacidade dos militares de cumprirem os seus deveres constitucionais.
Esse contraste entre a autopercepção e a percepção pública coloca em questão o que exatamente o Exército entende como "credibilidade" e como essa métrica é aferida. Também levanta a pergunta de se a instituição está em sintonia com a sociedade a qual serve.
Outro ponto notável no relatório é o índice de Contribuição com o Desenvolvimento Sustentável e a Paz Social, que ficou abaixo da meta, com um desempenho de 67,48% ante uma meta de 75%. Esse índice engloba ações e missões voltadas para a garantia dos poderes constitucionais, proteção ambiental e apoio ao desenvolvimento sustentável.
Não há no entanto, nenhuma menção sobre a falha gritante das Forças Armadas - incluindo o Exército - na garantia dos poderes constitucionais ou na sua dificuldade de exercer o papel que lhe foi confiado para a garantia da confiabilidade e segurança do sistema eleitoral brasileiro em 2022. As Forças Armadas prepararam um relatório afirmando que não poderiam garantir a segurança das eleições e cobrando providências urgentes, mas foram solenemente ignoradas pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes.
Por que uma Força Militar tem como meta o "desenvolvimento sustentável", permanece uma incógnita. Mas, talvez para melhorar este índice, o comandante do Exército, General Tomás tenha estabelecido como prioridade um programa que envolve ações de plantio de árvores e atividades similares. Será que a instituição vê na questão ambiental e no engajamento social através dela uma forma de melhorar sua imagem e efetividade transformando militares brasileiros em jardineiros de luxo?
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