Um relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro foi apresentado nesta terça-feira pela Senadora Eliziane Gama (PSD-MA). O documento, péssimamente escrito e com 1.333 páginas de pura abobrinha, faz sérias alegações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, apontando sua suposta tentativa de "golpe" e questionando seu comprometimento com princípios republicanos e democráticos.
Desde que assumiu a função na CPMI, a senadora já havia sinalizado que seu relatório incluiria recomendações para o indiciamento tanto de figuras militares quanto do próprio Bolsonaro. Segundo o documento, Jair Bolsonaro "nunca mostrou apreço pelos valores republicanos e democráticos", incluindo citações do filósofo Olavo de Carvalho.
Curiosamente, o relatório acusa Carvalho de ser a mente por trás de uma suposta "lavagem cerebral" aos eleitores de Bolsonaro, uma acusação que contrasta com as reais posições do filósofo, conhecido por defender a independência individual e o pensamento crítico justamente como forma de impedir a "lavagem cerebral" da grande mídia, como muito bem apontou o Brasil Sem Medo.
O relatório lista mais de uma centena de pessoas indiciadas, incluindo o presidente Bolsonaro, seus assessores e pessoas ligadas a ele, mas também é bastante focado nos militares. Pelo menos 16 militares, da ativa, da reserva e da Polícia Militar do Distrito Federal foram responsabilizados criminalmente, sendo:
- 6 generais do Exército
- 1 almirante da Marinha
- 3 coronéis do Exército
- 2 tenentes-coronéis do Exército
- 1 major do Exército
- 1 sargento do Exército
- 1 coronel da PMDF
- 1 tenente-coronel da PMDF
O documento cita nominalmente e acusa criminalmente oficiais da ativa e da reserva do Exército, Marinha, além de integrantes da Polícia Militar do Distrito Federal.
Dentre os principais alvos estão o ex-Ministro da Defesa e General do Exército, Paulo Sergio Nogueira de Oliveira, o também General e ex-Comandante do Exército, Freire Gomes, e o Almirante da reserva e ex-Comandante da Marinha, Garnier Santos. Eles são acusados de crimes como associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, prevaricação e omissão.
Outros altos oficiais citados são os Generais da reserva Walter Souza Braga Netto, Augusto Heleno Ribeiro Pereira e Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira. O relatório também acusa os Tenentes-Coronéis do Exército Mauro César Barbosa Cid e Marcelo Costa Câmara, o Major Ridauto Lúcio Fernandes, o Coronel da PMDF Jader Silva Santos, entre muitos outros.
O documento responsabiliza nominalmente os integrantes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) que estavam de serviço durante os atos de vandalismo ocorridos em 8 de janeiro. Entre eles estão os Generais Carlos Feitosa Rodrigues, Carlos José Russo Assumpção Penteado e mais oficiais subalternos, acusados de omissão dolosa e conivência.
Para cada um desses militares, o relatório detalha os crimes que teriam cometido, sempre relacionados ao suposto apoio e leniência com os manifestantes radicais. O documento afirma que esses oficiais teriam aderido subjetivamente a supostos planos antidemocráticos, colaborando para o desfecho violento.
Curiosamente, não consta na lista no entanto o general Gonçalves Dias, que foi visto em imagens de segurança abrindo portas e recebendo os vândalos dentro do Palácio do Planalto.
Todos os militares indiciados são altamente respeitados em cada uma das suas forças e as acusações infundadas contra eles contribui para a elevação da insatisfação das tropas com o tratamento recebido.
Vale ressaltar que, apesar das graves acusações feitas no relatório, membros da oposição no Congresso planejam lançar um voto em separado para rejeitá-lo e apresentar um relatório paralelo.
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