Vladimir Putin decidiu permanecer no poder até pelo menos 2030, segundo fontes do Kremlin, enquanto a Rússia continua a travar guerra contra a Ucrânia.
Putin planeja se candidatar para um quinto mandato nas eleições presidenciais de março próximo, informaram as fontes à Reuters, com seus assessores já se preparando para a campanha.
O líder de 71 anos supostamente deseja permanecer no controle do Kremlin para conduzir a Rússia através de seu período mais tumultuado em décadas, após a invasão da Ucrânia em fevereiro do ano passado, o que levou o Ocidente a impor uma série de sanções a Moscou.
“A decisão foi tomada – ele vai concorrer,” disse uma fonte que teria conhecimento do planejamento.
Putin, que dominou a paisagem política russa nas últimas duas décadas, tem quase certeza de vencer a eleição, caso a dispute. Seus índices de aprovação dentro da Rússia estão em 80%, ele pode contar com o apoio da mídia estatal e não enfrenta oposição convencional significativa, o que torna o resultado uma formalidade esperada.
Outra fonte, que seria conhecedora do pensamento do Kremlin, também confirmou que uma decisão havia sido tomada.
“O mundo que observamos é muito perigoso,” disseram.
Uma terceira fonte acrescentou: “A Rússia está enfrentando a força combinada do Ocidente, então uma mudança significativa não seria conveniente.”
‘Campanha ainda não foi oficialmente anunciada’
A vitória daria a Putin um novo mandato de seis anos, estendendo seu governo até 2030.
Ex-oficial da KGB soviética, ele está no poder como primeiro-ministro ou presidente desde o último dia de 1999, quando foi designado presidente por Boris Yeltsin.
Putin já serviu como presidente por mais tempo do que qualquer líder russo desde Joseph Stalin, superando a permanência de 18 anos de Leonid Brezhnev.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, recusou-se a comentar sobre os rumores.
“Putin ainda não fez nenhuma declaração sobre este assunto. E a própria campanha ainda não foi oficialmente anunciada,” ele disse, de acordo com um relatório da agência de notícias Tass.
Em setembro, o Sr. Peskov disse que ninguém seria capaz de competir com seu chefe se ele decidisse concorrer.
O político de oposição Alexei Navalny, o principal crítico de Putin, está na prisão. O homem de 47 anos está cumprindo penas que o manterão na prisão até seus 70 e poucos anos, a menos que seja libertado mais cedo.
Putin tradicionalmente manteve seus planos políticos pessoais sob sigilo, com anúncios feitos apenas no último minuto.
Mas o jornal Moscow Times relatou que o presidente russo já havia de fato iniciado sua campanha com um aumento nas aparições públicas e encontros presenciais com cidadãos russos por todo o país.
Um anúncio oficial pode ser feito nas próximas semanas, informou o jornal Kommersant no mês passado.
Fontes de diplomatas estrangeiros também disseram à Reuters que esperavam um anúncio em breve.
Reformas constitucionais aprovadas em 2020 permitiram a Putin servir mais dois mandatos, além do atual.
As mudanças introduziram uma restrição ao mandato presidencial para dois mandatos de seis anos no total, em vez de dois mandatos consecutivos, efetivamente reiniciando a contagem do limite de tempo como presidente.
Putin poderá agora potencialmente liderar a Rússia até 2036, quando terá 84 anos.
No entanto, ele atualmente enfrenta o conjunto mais sério de desafios que qualquer chefe do Kremlin confrontou desde que Mikhail Gorbachev lidou com o desmoronamento da União Soviética há mais de três décadas.
Nos últimos meses, Putin enfrentou o teste mais claro de sua liderança, quando superou uma tentativa de golpe pelo ex-líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin.
Prigozhin foi morto em um acidente de avião inexplicado dois meses após a revolta de 23 de junho.
Relatórios recentes da mídia também questionaram a saúde de Putin, que o Kremlin descartou como propaganda ocidental.
Fonte: The Telegraph