Duas jornadas após o trágico falecimento de Cleriston Pereira da Cunha, considerado o primeiro preso político a morrer em decorrência da atual ditadura brasileira, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), revogou a detenção de quatro indivíduos acusados em relação aos eventos de 8 de janeiro. A medida vem à luz enquanto repercutem as circunstâncias da morte de Cleriston, que ocorreu no Complexo Penitenciário da Papuda, localizado na capital federal.
A Procuradoria-Geral da República (PGR), entre agosto e outubro, já havia se posicionado favoravelmente à libertação destes mesmos réus, contudo, até então, não se tinha observado a concretização destas recomendações por parte do ministro Moraes. A morte de Cleriston parece ter intensificado as pressões sobre o magistrado, culminando nas recentes liberações. Alguns interpretam tais atos como uma admissão implícita de responsabilidade.
Os indivíduos que tiveram suas prisões revogadas por Moraes são: Jaime Junkes, Jairo Costa, Tiago Ferreira e Wellington Firmino.
Cleriston, que sofreu um episódio descrito como "mal súbito" na segunda-feira (20), já estava sob a anuência da PGR para a liberação, mas a ausência de uma decisão de Moraes impediu que tal liberdade fosse efetivada em tempo hábil.
Na esteira do falecimento, Alexandre de Moraes solicitou que a administração do presídio fornecesse detalhes acerca do incidente. Um documento médico, previamente anexado ao pedido de liberdade provisória de Cleriston, alertava para um risco iminente de morte e a necessidade urgente de sua soltura - um apelo que, infelizmente, não foi atendido a tempo.