As expectativas para o déficit primário de 2023 foram revisadas para pior, passando de uma previsão de R$ 141,4 bilhões para R$ 177,4 bilhões, o equivalente a 1,7% do PIB. Segundo uma abordagem alternativa de cálculo, que inclui uma "discrepância estatística" apontada pelo Banco Central, o déficit pode alcançar até R$ 203,4 bilhões.
O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, havia estimado um déficit primário máximo de 1% do PIB para este ano, algo em torno de R$ 100 bilhões. No entanto, os números reais mostram um rombo fiscal acumulado muito maior, já atingindo R$ 93,38 bilhões somente nos primeiros nove meses.
A redução nas receitas previstas para 2023, especialmente devido a incertezas quanto à realização de transferências de depósitos judiciais e a uma possível frustração na arrecadação de impostos, também contribuiu para a necessidade de cortes adicionais.
As despesas obrigatórias do governo também sofreram revisão, com um aumento na previsão de gastos de R$ 1,861 trilhões para R$ 1,881 trilhão, enquanto as despesas discricionárias subiram de R$ 194,6 bilhões para R$ 197,1 bilhões.
A Secretaria de Política Econômica (SPE) projetou um crescimento do PIB brasileiro de 3% em 2023, um dado que pode ser chave na avaliação da capacidade do governo de gerenciar o déficit e a dívida pública.
A diferença entre as estimativas "acima da linha" e "abaixo da linha" para o déficit de 2023, que inclui uma discrepância de R$ 26 bilhões relacionada ao resgate de recursos do Fundo PIS/Pasep pelo governo, ressalta a complexidade na contabilização das receitas primárias e pode indicar um cenário fiscal mais desafiador do que o previsto.