No dia seguinte à aprovação de Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal (STF), o Congresso Nacional, em uma série de ações que desafiaram as decisões do governo Lula e até mesmo uma posição anterior do próprio STF, conseguiu derrubar vetos presidenciais significativos, demonstrando a capacidade do Legislativo em ainda impor algumas derrotas ao Executivo.
A rejeição mais notável foi a do veto presidencial ao projeto sobre o marco temporal, uma decisão que contrariou diretamente o entendimento do STF. Em setembro, o Supremo havia considerado a tese do marco temporal inconstitucional, mas o Congresso, liderado pela bancada ruralista, decidiu reverter essa posição. A votação foi expressiva e folgada: na Câmara dos Deputados, 321 votos contra 137 e no Senado, 53 votos a 19. Para a derrubada de um veto, são necessários votos de 257 deputados e 41 senadores.
Além disso, o Congresso também derrubou o veto à prorrogação da desoneração da folha de pagamentos até 2027, que representa outra derrota importante para o governo. O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chegou a prometer judicializar a questão - provavelmente recorrendo aos seus aliados no STF para desfazer a posição do Congresso, o que por sua vez pode voltar a aumentar as tensões entre os poderes legislativo e judiciário.