Nesta segunda-feira, 15 de janeiro de 2024, começa o prestigiado Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça, mas, ao contrário do esperado, o evento não contará com a presença do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, nem do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Esta decisão marca o segundo ano consecutivo que Lula opta por não participar do fórum, indicando uma mudança de foco do governo brasileiro em relação a este evento global.
Lula, cuja gestão tem dado ênfase a eventos como o G77 – um agrupamento de países em desenvolvimento, que no ano passado foi realizado em Cuba –, parece relegar o Fórum de Davos a um papel secundário em sua agenda internacional. Em seu lugar, o presidente enviará Celso Amorim, seu assessor especial, para representá-lo em discussões focadas na guerra na Ucrânia.
O que é o Forum Econômico Mundial
O Fórum Econômico Mundial, realizado anualmente em Davos, é frequentemente descrito como um ponto de encontro para a elite global. Este evento reúne líderes políticos, empresariais e culturais de todo o mundo, mas seu papel vai muito além de simples conferências e discussões.
Para muitos críticos, o Fórum de Davos é visto como um "playground" para bilionários globalistas, onde uma pequena, mas poderosa elite, tem a oportunidade de moldar políticas e decisões que afetam o mundo inteiro.
Em meio aos luxuosos salões de Davos, questões de enorme magnitude são discutidas e, frequentemente, decisões são tomadas que influenciam a economia global, as políticas ambientais e sociais, longe da vista e do controle do público em geral.
O Fórum de Davos deste ano, sob o tema "Reconstruindo a Confiança", promete reunir mais de 100 governos em debates sobre as crises de segurança mundiais e a formação de novas estruturas econômicas. A inteligência artificial também estará em pauta, com a presença do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Roberto Barroso, que além de discutir a preservação da Amazônia, abordará o uso e a regulação desta tecnologia, especialmente em como prevenir seu uso na disseminação de desinformação.
Marina Silva no Centro das Atenções
Na ausência das principais figuras do executivo, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, surge como a principal representante do governo brasileiro em Davos. Para variar, a agenda ambiental, especialmente a transição energética e as mudanças climáticas, são tópicos previstos para dominar os debates com a participação brasileira. Essas discussões são cruciais, visto que abordam os impactos diretos das mudanças climáticas na saúde global.
Além de Marina Silva, outros ministros como Nísia Trindade (Saúde) e Alexandre Silveira (Minas e Energia) também estão programados para comparecer. A presença do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, também é esperada para que os presentes possam demonizar os chamados "combustíveis fósseis" à vontade.
Barroso vai ao Forum como se fosse um membro do governo
A presença do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Roberto Barroso, no Fórum Econômico Mundial em Davos, especialmente para discutir questões de inteligência artificial e Amazônia, levanta questões significativas sobre a crescente intersecção entre o Judiciário e a política externa no Brasil.
Tradicionalmente, a política externa é um domínio reservado ao Poder Executivo, mas a atuação de Barroso em um evento de tal magnitude global indica uma mudança nesse padrão. Essa participação de um membro do STF em discussões de cunho internacional, especialmente em temas que transcendem as fronteiras jurídicas, é um claro sinal de ultrapassagem de limites constitucionais.
Isso reflete uma tendência preocupante, onde ministros do STF estão cada vez mais envolvidos em assuntos que vão além de suas atribuições judiciais, imiscuindo-se em áreas que deveriam ser prerrogativa exclusiva do governo.
Tal cenário chama atenção sobre a separação de poderes no Brasil, uma pedra angular da democracia, e sobre como as fronteiras entre os poderes estão se tornando cada vez mais difusas.