A operação deflagrada hoje, 25 de janeiro de 2024, pela Polícia Federal investiga alegações de espionagem ilegal conduzida pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Entre os alvos está Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin e atual deputado federal pelo PL-RJ. Ramagem comandou a agência durante a administração do ex-presidente Jair Bolsonaro, de julho de 2019 a março de 2022, antes de se candidatar a um cargo eletivo.
Nesta operação, 21 mandados de busca estão sendo cumpridos em três cidades: 18 em Brasília, dois em Minas Gerais, e um no Rio de Janeiro. A investigação centra-se no uso indevido de sistemas de GPS da Abin para rastrear celulares de autoridades e cidadãos sem autorização judicial. Além das buscas realizadas no gabinete de Ramagem na Câmara dos Deputados e em outros endereços relacionados a ele, medidas alternativas à prisão estão sendo aplicadas, incluindo a suspensão imediata das funções públicas de sete policiais federais.
Alexandre Ramagem, conhecido por sua proximidade com a família Bolsonaro, foi apoiado pelo ex-presidente para a pré-candidatura à Prefeitura do Rio de Janeiro pelo PL. Ele também fez parte da equipe de segurança de Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2018. Seu nome surgiu como potencial diretor-geral da Polícia Federal após a demissão de Maurício Valeixo e a saída polêmica de Sergio Moro. Em abril de 2020, Bolsonaro o indicou para o cargo na PF, mas a nomeação foi suspensa pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, por suspeita de desvio de finalidade.
Eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro em outubro de 2022 com 59.170 votos, Ramagem agora integra a oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Quatro dos sete indivíduos afastados de suas funções foram identificados: os agentes Carlos Magno de Deus Rodrigues, Felipe Arlotta Freitas, Marcelo Bormevet, e o funcionário da Abin Bruno de Aguiar Faria.
Essa operação é um desdobramento de investigações de uma operação anterior, realizada em outubro do ano passado, que indicou invasões reiteradas na rede de telefonia brasileira, usando o sistema de geolocalização da Abin, para espionar adversários políticos. A PF, em nota, mencionou a criação de uma estrutura paralela dentro da Abin para ações ilícitas, incluindo espionagem para fins políticos e pessoais.
A suspeita é que a Abin rastreou centenas de celulares de frequentadores do STF, incluindo servidores, advogados, policiais, jornalistas e os próprios ministros, totalizando cerca de 33.000 acessos telefônicos. Em resposta, a Abin divulgou um relatório de sua corregedoria-geral em fevereiro de 2023, indicando o uso do sistema de geolocalização desde dezembro de 2018. Uma sindicância interna foi aberta em março de 2023, com as informações sendo repassadas para a PF e o Supremo.