Em uma recente entrevista à CNN Brasil, o ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, compartilhou suas perspectivas sobre o atual cenário político brasileiro. Dirceu destacou o potencial da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro como candidata à presidência, considerando a possibilidade de inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele afirmou:
“Muitas vezes, se fala que ela pode ser candidata no lugar do Bolsonaro. Eu não subestimaria a Michelle como candidata, porque o bolsonarismo é uma força.”
Dirceu também comentou sobre a eleição de Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo pelo partido Republicados, ressaltando que não foi o "bolsonarismo", mas o "conservadorismo que existe" em São Paulo que contribuiu para sua eleição. Ele citou a força do PT e das esquerdas no estado, referindo-se a eleições anteriores em que candidatos como José Genoíno, Aloízio Mercadante e Marta Suplicy obtiveram significativa votação.
O ex-ministro abordou ainda a possibilidade de outros candidatos como Ratinho Jr (PSD), governador do Paraná, Ronaldo Caiado (União Brasil), governador de Goiás, e Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais, competirem na eleição de 2026. Dirceu ressaltou a importância de manter a unidade no campo progressista, observando que isso é um desafio para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Dirceu também refletiu sobre a trajetória do PT, afirmando que, se não fosse pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, o partido poderia ter governado o Brasil por 20 anos. Ele considera viável que o PT permaneça no poder por 8 a 12 anos, começando com a posse de Lula em 2023. “É viável, é possível [ficar de 8 a 12 anos no poder]. Nós temos de construir esse projeto, mas só o PT, evidentemente,” disse Dirceu.
Além disso, Dirceu, cofundador do Partido dos Trabalhadores e ex-presidente da sigla, falou sobre as eleições municipais de 2024 como um passo importante para o crescimento do PT. Ele mencionou a importância de apoiar candidatos como Guilherme Boulos (Psol) para a Prefeitura de São Paulo e enfatizou a necessidade de eleger prefeitos e vereadores que apoiem o governo de Lula, visando fortalecer a base para futuras eleições de deputados estaduais, federais, senadores e governadores.
Em suas declarações, Dirceu analisa o panorama político brasileiro com um olhar estratégico, tanto no contexto do PT como nas potenciais candidaturas da oposição para as próximas eleições presidenciais.
Eis alguns trechos do que disse Dirceu:
“O Genoíno fez, o Mercadante fez. A Marta quando quase foi para o 2º turno com o [Mário] Covas já mostrou a nossa força em 1998. O PT e as esquerdas têm força no Estado de São Paulo. Mas eu acho que sim, que ele [Bolsonaro] pode buscar uma solução como colocar a ex-primeira-dama, a esposa dele, a Michelle, como candidata”, afirmou.
“Estou vendo o PSD falando no Ratinho Jr, o nosso Caiado, nosso vizinho, o Tarcísio pode ou não ser candidato, por enquanto o Zema eu não sei se ele consegue viabilizar uma candidatura. Eu vejo que, por enquanto, não está muito definido isso. O Bolsonaro pode ser que ele seja candidato inelegível, fique até o final até o TSE [Tribunal Superior Eleitoral] declarar inelegível e depois coloque alguém para substituir. Mas precisa ver quais partidos vão com Bolsonaro. Será que o PR, o PP, o PSD, o União Brasil vão junto? É muito improvável que isso aconteça”, disse.
“Então, também, não é tão simples. Então, nós temos a tarefa de manter o nosso campo unido, vai ser um desafio, por isso, isso explica muitos gestos do presidente Lula”, completou.
“Em 2026, nós vamos reeleger o Lula. Pelo menos do meu ponto de vista, nosso objetivo é governar com o Lula [por] 8 anos. Quem será o sucessor em 2030? Pelo amor de Deus, discutir isso agora é uma insanidade política”, afirmou.
“Nós vamos crescer no Brasil todo, até porque nós temos governos, participamos de governos de outros partidos, nós vamos crescer muito. Nós vamos sair da situação de decréscimo que foi 2016 e 2020 e nós vamos começar uma ascensão e é importante eleger prefeitos que apoiam o governo do Lula”, acrescentou.
“Eleger prefeitos do PT, dos nossos aliados de esquerda aonde nós podemos e eleger vereadores, porque o Lula 60% de votos em mais de 2.000 cidades, então nós podemos eleger muitos vereadores, muitos deputados”, continuou.
“Vereador e prefeito são também a base da eleição dos deputados estaduais, federais, senadores e dos próprios governadores. Então acho que é um momento de ascensão nosso, eu tenho certeza”, finalizou.