O Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela (TSJ) tomou uma decisão controversa em 26 de janeiro de 2024, cassando os direitos políticos de María Corina Machado, uma das mais proeminentes figuras da oposição venezuelana, por 15 anos. Esta medida a impede de participar das eleições presidenciais de 2024, para as quais havia sido escolhida como candidata após vencer as primárias da oposição em outubro de 2023.
O TSJ acusou Corina de envolvimento em uma suposta trama de corrupção com Juan Guaidó, ex-presidente interino autoproclamado da Venezuela. A acusação específica é de que ela solicitou sanções e bloqueios econômicos contra a Venezuela, ações que teriam causado danos significativos ao país, incluindo dificuldades na aquisição de vacinas e medicamentos essenciais. O TSJ também alegou que Corina cometeu irregularidades administrativas durante seu mandato como deputada entre 2011 e 2014.
Esta decisão foi tomada em um contexto onde o TSJ é frequentemente criticado por sua proximidade com o governo de Maduro e o movimento político do chavismo. O Acordo de Barbados, assinado em outubro de 2023, visava assegurar eleições justas e transparentes em 2024 com a participação de todas as forças políticas, e permitia que indivíduos considerados inelegíveis apresentassem recursos ao TSJ, um contexto no qual Corina buscou revisão da sua inelegibilidade.
A reação internacional à decisão do TSJ foi amplamente crítica. Organizações como a OEA e países como os Estados Unidos, Argentina, Uruguai, Equador e Paraguai condenaram a medida, considerando-a um ataque aos princípios democráticos e uma demonstração da natureza autoritária do regime de Maduro.
Enquanto isso, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, conhecido por seus laços históricos com Maduro, manteve-se silencioso sobre a situação. Desde que reassumiu a presidência, Lula tem trabalhado para reabilitar a imagem de Maduro no cenário internacional. Este silêncio é notável, especialmente considerando a influência do Brasil na América Latina e o papel que o país historicamente desempenha na região.
A decisão do TSJ e a subsequente reação internacional lançam luz sobre as contínuas tensões políticas na Venezuela, particularmente no contexto das próximas eleições presidenciais. A situação de Corina ressalta as preocupações em relação à liberdade e justiça eleitorais no país, bem como o papel da comunidade internacional e líderes regionais, como Lula, em responder a esses desenvolvimentos.