Os republicanos da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, em uma ação significativa e histórica, conseguiram na terça-feira o impeachment do Secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, por sua gestão da crise na fronteira. Essa decisão marca a primeira vez desde 1876 que um secretário do gabinete é impeachado, refletindo a profundidade das disputas partidárias sobre a política de imigração e segurança de fronteira nos EUA. A votação, extremamente apertada, terminou em 214-213, evidenciando o quão dividido está o legislativo americano sobre essas questões.
A resolução de impeachment, que agora segue para o Senado, acusa Mayorkas de se recusar “de maneira voluntária e sistemática” a cumprir as leis federais de imigração e de “violar a confiança pública” com declarações falsas e obstruindo a supervisão legal do Departamento de Segurança Interna (DHS). A aprovação desses artigos coloca o secretário e a administração Biden em uma posição delicada, forçando-os a defender suas políticas e abordagens em relação à gestão da fronteira.
No entanto, apesar do sucesso dos republicanos na Câmara, as perspectivas de Mayorkas ser efetivamente removido do cargo são baixas. O Senado, controlado pelos democratas, requer uma maioria de dois terços para a condenação em um processo de impeachment, um limiar alto que, dada a atual composição partidária, parece improvável de ser alcançado. Isso sugere que Mayorkas provavelmente será absolvido, mantendo sua posição.
Contudo, a votação não deixa de ser um momento crítico para os democratas. Ela obriga o partido e seus membros a se alinharem em defesa das políticas de fronteira implementadas por Mayorkas, que efetivamente resultaram em uma abordagem de fronteiras mais abertas. Esta posição é amplamente impopular entre uma significativa parcela do eleitorado americano, que vê a segurança de fronteira e a imigração ilegal como questões de grande importância. A defesa dessa política pode, portanto, colocar os democratas em uma posição vulnerável, especialmente em um ano eleitoral, ao forçá-los a justificar uma abordagem que muitos eleitores consideram problemática.
A situação é agravada pelo contexto em que o impeachment ocorre — um período de intensificação da crise na fronteira, com um aumento no número de travessias ilegais e problemas relacionados ao tráfico de fentanil. A medida tomada pela Câmara reflete não apenas as divisões políticas profundas nos EUA, mas também uma estratégia calculada dos republicanos para destacar as falhas percebidas na política de imigração da administração atual e pressionar os democratas a se posicionarem sobre uma questão controversa e divisiva.