As relações diplomáticas entre o Brasil e Israel sofreram um duro golpe após declarações controversas feitas pelo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. Durante uma conversa com jornalistas na Etiópia, em 18 de fevereiro de 2024, Lula fez uma comparação polêmica entre as operações militares de Israel na Faixa de Gaza e o genocídio perpetrado por Adolf Hitler contra os judeus durante o Holocausto.
Ele declarou que os palestinos estão sendo alvo de um "genocídio" e reafirmou o compromisso do Brasil em defender na ONU a criação de um Estado palestino. Lula lembrou que, em 2010, o Brasil foi o primeiro país a reconhecer o Estado palestino, e ressaltou a importância de se posicionar em momentos históricos significativos.
"É preciso parar de ser pequeno quando a gente tem de ser grande. O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus", disse Lula.
A reação de Israel às declarações de Lula foi rápida e severa. O Ministro de Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, expressou sua indignação e exigiu que Lula se retratasse, declarando-o "persona non grata".
Katz enfatizou a gravidade das comparações feitas por Lula, afirmando que tais palavras não seriam perdoadas ou esquecidas.
"Não perdoaremos e não esqueceremos – em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, informei ao presidente Lula que ele é uma personalidade indesejável em Israel até que ele peça desculpas e se retrate de suas palavras", declarou Katz em uma rede social.
Além disso, Katz convocou uma reunião com o embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, a ser realizada no Museu do Holocausto em Jerusalém. Este local foi escolhido simbolicamente pelo ministro israelense para sublinhar a gravidade das ações nazistas contra os judeus e contextualizar a inapropriada comparação feita por Lula.
A crise se agrava
Diante da crise, o governo Lula decidiu pela convocação do embaixador brasileiro em Israel, Fred Meyer, de volta ao Brasil para consultas em 19 de fevereiro de 2024.
A situação também escalou quando a primeira-dama do Brasil, Janja, tentou mitigar o impacto das declarações de Lula, dizendo que ele "Não se referia ao povo judeu, mas ao governo genocida de Israel". Esta tentativa de "esclarecimento" obviamente apenas agravou as tensões entre os dois países.
Pedido de desculpas não deve acontecer
No Brasil, a avaliação interna do governo sobre as declarações de Lula sugere que o presidente pode ter ido além do que seria prudente ao fazer tal comparação. Apesar disso, considera-se improvável que um pedido de desculpas seja feito, dada a situação atual, para evitar uma demonstração de fraqueza.
A diplomacia do governo também entende que a resposta do governo de Israel foi "desproporcional". A estratégia adotada parece ser a de aguardar que a controvérsia diminua, buscando então maneiras diplomáticas para suavizar as relações com Israel.
Pedido de Impeachment
A repercussão das declarações do presidente Lula também reverberou no cenário político brasileiro, culminando em um movimento de deputados federais da oposição que divulgaram, no domingo (18.fev), uma lista de assinaturas com um pedido de impeachment do presidente da República.
Eles argumentam que Lula cometeu crime de responsabilidade ao fazer comparações entre as ações de Israel na Faixa de Gaza e as ações de extermínio de judeus por Hitler durante a Segunda Guerra Mundial. A intenção é protocolar esse pedido na Câmara dos Deputados até terça-feira (20.fev.2024).
Segundo a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), "Lula incentiva a injúria racial, e incorre em crime de responsabilidade previsto no art 5° da Constituição Federal", corroborando a reação imediata e de veemente repúdio expressa pelo Primeiro Ministro de Israel às comparações feitas por Lula.